terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Amor com aroma de cacau

 

 Uma esplêndida reconstrução da época colonial espanhola!

 "(…) não sei como nem quando, e do resto de África nada sei, mas chegará um dia em que esta pequena ilha se vai apoderar de ti e não quererás abandoná-la. Talvez seja pela incrível capacidade de adaptação que os homens têm. Ou talvez haja algo de misterioso nesta terra. (…) não conheço ninguém que se tenha ido embora sem derramar lágrimas de desconsolo."

 

Luz Gabás, uma escritora espanhola, de 45 anos de idade, residente em Anciles, cerca de Benasque (situado nos Pirenéus espanhóis), consegue descrever de uma forma quase fotográfica as paisagens, os espaços geográficos de uma Guiné Equatorial dos meados de séc. XX, da época da colonização. As descrições dos sentimentos, das vivências dos nativos e dos colonos e das relações entre eles, são tão pormenorizadas que retratam tão claramente… que o leitor fica com a sensação que está lá e, não estando na realidade, fica com certeza, com vontade de fazer uma viagem por África, para sentir os odores e observar o colorido daquele ambiente, referido frequentemente neste livro.

Ao longo do livro, intercalando o presente com o passado, a autora vai contando a história de uma família espanhola dividida entre Espanha e a Guiné, as relações entre negros e brancos, entre colonos e nativos, a eminência da independência, os trabalhos nos cacauzeiros, as estações do ano, a política, a saúde, enfim,….uma recriação de uma época onde também se viveram amores e desamores e onde ficou num mistério que uma filha de um colono espanhol – Clarence - vai querer desvendar. Também ela vai, 40 anos mais tarde, à terra onde o pai, o tio e o avô foram capatazes e também, nela, África deixa a sua marca.

Este livro é em simultâneo uma história de vidas e um documento histórico. Até eu fiquei com vontade de visitar aquele continente. Voltei a registar aquilo que os nossos portugueses sentiram quando retornados de África… uma saudade que ficou. Efetivamente, África tem que ter um encanto especial, para deixar, naqueles que por lá passaram um sentimento que, sempre que as recordações têm a oportunidade de falar, traduzem uma vontade de lá voltar.

Li, em qualquer lado, que o livro passará a filme ou série. Não vou perder!

Perante tudo isto não poderia deixar de recomendar esta leitura de 516 páginas, cuja 1ª edição data de 6 de novembro de 2012.

 

Helena Magalhães

 

 

 

 

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